Com que olhar nos contemplamos?
Sempre me disseram
que eu era feia contou-me alguém, e me convenci de que não merecia ser
apreciada nem escolhida, em resumo, não merecia ser feliz, outra pessoa me
disse: eu era gordinha, mas meu pai sempre ressaltava que eu tinha olhos lindos,
que era inteligente, que era amada, sem dizer expressamente, ele me ensinou que
o físico deve ser cuidado, mas não é tudo, nem deve determinar o meu destino,
hoje se alguém não me amasse porque não estou dentro dos padrões da moda, ele
não me atrairia pelo seu modo de pensar. A família nos fornece os primeiros critérios
que podemos seguir ou infringir, transgredi-los pode ser salvação em muitos
casos, se nos esmagarem, mas que difícil quase heróica a tarefa, porém, ou nos
libertamos até onde for possível, ou estarão ali atrás da porta a qualquer
momento, mãos na cintura, mostrando a cara e pronunciando sua sentença, que não
será nem liberdade nem absolvição.
Ensinaram- me
desde cedo que minha liberdade era essencial, que se ligava a minha dignidade
e, que eu seria responsável por minhas escolhas, mas, eu sabia mesmo que tudo
desse errado alguém sempre estaria ali para mim, esse se tornou para mim o
conceito básico de família, aquele grupo ou aquela pessoa que mesmo que não me
compreendia às vezes nem mesmo aprova,
me respeitará e me amará como sou, ou como consigo ser, em qualquer estágio
este sentimento básico de aprovação faz falta, sim, eu mereço viver bem, mas
tarde ainda pode se desenvolver e reforçar com experiências positivas, esforço
pessoal, e uma reeducação sentimental esse nível da nossa auto-estima...
Autoconhecimento,
um dos objetivos da terapia apura visão e leva a entender melhor a conviver com
feridas, a sobrenadar mesmo quando a onda é forte e feia, sentir-se valorizado
por alguém, um amigo, amor ou por um grupo, pode ser definitivo, mas, nem tudo
se resolve assim, algo elementar pode ter sido mais deletério do que poderíamos
suportar, feridos de morte no inicio passaremos o tempo todo olhando para os
lados, quem agora irá me ferir? De onde virá o próximo golpe? De onde vem a próxima
traição?Crescendo, amadurecendo e envelhecendo, com que olhar nos contemplamos?
Paramos eventualmente para olhar e questionar, nossa maneira de ver e de viver
repete reflete aquele em que fomos vistos quando éramos somente reflexo no espelho
ou vamos formando uma postura própria com todo o esforço e dor q isso possa exigir,
sendo contraditório somamos hesitação e medo com audácia e fervor, podemos nos
esconder num quarto escuro ou virar a cara apara o sol, alternar as duas
posturas, gastar e consumir a me aliar e multiplicar, somos tudo isso, nossa
anistia e nossa aniquilação, não é só culpa dos outros se ficamos truncados, em
cada estágio podemos colocar algum traço, algum ponto, alguma cor no projeto de
quem pretendemos ser, podemos ser obrigados a usar disfarces, mas, no centro de
nós ressoa o nome que nos dermos a nossa
sanção.
Rosy Borges Autora do [Blog Rosyoab] Estudante de Direito pela UPF-RS |
2 de junho de 2010 às 04:41
Olá Rosy, querida!
Ótimo texto! Engraçado como passamos parte da vida tentando buscar a nossa aceitação. Não importa em qual grupo: familiar, amigos, trabalho...Sempre queremos nos diferenciar de algum modo e para isso lutamos para que a nossa marca fique registrada por onde quer que passamos. Eu, depois de tantos tombos, aprendi que a minha maior provação é o meu próprio aceitamento. A partir do momento em que eu me aceito com as minhas falhas, mas descubro também as minhas qualidades, declaro o meu diferencial e isso me faz feliz! Desta forma, Rosy, encontro o meu lugar, em qualquer grupo, respeitando as diferenças de todos, mas acima de tudo, aceitando as minhas...
Grande beijo, querida...
Jackie